sábado, 19 de março de 2011

Entre chuva e a lembrança


Era uma puta manhã chuvosa, mais um dia daqueles que a chuva trazia o cheiro de solidão, ela queria alguém ao seu lado para abraçá-la, para lhe prometer que passaria, que essa dor em seu peito melhoraria. Mas ela não precisava de alguém, ela só precisa dele, do garoto de olhos verdes. Do garoto que um dia foi seu, do garoto que um dia deu tudo o que ela precisava, felicidade.
Levantou-se e vestiu a máscara de garota forte, repetiu para si mesma “Você consegue”, pois ela conseguiria, era apenas mais uma dor, apenas mais um machucado interno, ela tentava ser forte, ela tinha de ser forte. Só que aquele dia era diferente, era março e depois de março vem abril, o que seria esse ano? Ela apenas sorriu para o espelho e repetiu de novo para si mesma “Você sempre conseguiu” e por mais que repetisse mil vezes para si mesma que conseguiria, ela não estava acreditando em suas palavras.
Andava e andava tentando chegar ao seu destino, perdida em pensamentos, completamente perdida, a chuva molhava seus cabelos e quando se viu já estava encharcada em frente a onde se conheceram, onde o garoto de quem ela sentiu essa falta durante os últimos meses sorrio para ela pela primeira vez derretendo todo o coraçãozinho frágil e verdadeiro daquela garotinha que acreditava em promessas e sonhava com o príncipe encantado, embora sempre achasse que o príncipe fosse muito sem graça e nunca sonhou em ser uma princesa. Só que ele era diferente, ele a compreendia e fazia com que as dores passassem, limpava suas lágrimas e colocava um sorriso em seu rosto. Logo aquela manhã, logo aquele dia, ela precisava dele, ela precisava dele ali para enfrentar o que estava por vim, o que ela não queria acreditar, o que ela se negava a acreditar.
“Você vai conseguir, você sempre conseguiu. Você consegue” repetiu para si mesma indo para casa.

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