domingo, 5 de fevereiro de 2012

Acreditava ser uma pessoa absolutamente normal. Sua decisão de morrer devia-se  a duas razões muito simples, e tinha certeza que, se deixasse um bilhete explicando, muita gente ia concordar com ela. A primeira razão: tudo em sua vida era igual, e – uma vez passada a juventude – a tendência era que tudo passasse a decair, a velhice começasse a deixar marcas irreversíveis, as doenças chegassem, os amigos partissem. Enfim, continuar vivendo não acrescentava nada; ao contrário, as possibilidades de sofrimento aumentavam muito. A segunda razão era bem mais filosófica: Veronika lia jornais, assistia TV, e estava a par do que se passava no mundo. Tudo estava errado, e ela não tinha como consertar aquela situação – o que lhe dava uma sensação de inutilidade total.”
(Paulo Coelho in: Veronika decide morrer) 

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